25/02/2024 - Ele anda
sumido das rodas políticas ultimamente, vendeu seu famoso fusca, mas
suas ideologias e modo peculiar de lidar com o povo sempre são
lembrados por aqueles que tiveram a honra atuar ao lado do
ex-deputado federal, Nilson Mourão. Aos 71 anos, rememorou no Bar do
Vaz com emoção e nostalgia os anos em que viveu da e para a
política.
Formado em Teologia,
Mestre em Ciências Sociais e professor da Universidade Federal do
Acre (Ufac), presidiu o diretório do Partido dos a Trabalhadores
(PT) e se tornou ícone da sigla partidária.
Ao jornalista Roberto
Vaz, Nilson se orgulha em dizer que sempre fez política por
ideologia. Nos últimos anos teve de se afastar da política devido a
problemas de saúde. “O candidato tem que ter saúde para colocar
uma mochila nas costas e sair pedindo voto na zona urbana e rural”,
explica Mourão.
Segundo ele, não tem
mais condições físicas de tocar um mandato como deve ser
verdadeiramente feito. “Só colocava no programa [eleitoral] o que
eu sabia que realmente poderia fazer, caso fosse eleito”, destacou.
Nilson diz que sempre
teve o desejo de ver o mundo mais feliz. “Nunca consegui entender
como os seres humanos vivem tão divididos. De um lado, pessoas
passando fome, sem casa e sem trabalho, e do outro lado uma minoria
com muitos privilégios”.
Lutou durante muitos
anos por muitas causas, também atuante na Pastoral da igreja. Sempre
trabalhou ao lado da atual ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, a
quem chama de companheira de luta.
Sempre buscou levar a
vida com muita simplicidade. Participou de muitos jantaras luxuosos
com embaixadores, mas ia pelo compromisso. Cumpria seu papel e saía
cedo. Para ele, “viver com muito luxo é só problema”. “No
início do meu mandato como deputado, minha contribuição era de 30%
do meu salário ao PT. Eu nunca deixei de pagar nenhum mês. Sempre
contribuí e o resto que sobrava era para dar de comer a família.
Não tinha luxo”.
Mourão também avaliou
os anos de gestão PT no estado. “Foi extremamente positivo para o
povo do Acre e sua história, para modificar algumas estruturas e ter
um Acre diferente. Conheci o Acre antes do governo Jorge Viana e ele
deixou marca. Praticamente em todo setor que você olhar, há herança
desse governo”.
Segundo ele, o atual
governo de Gladson Cameli não deixa obras. “O PT tem o que
mostrar. Isso [governo Gladson] é falta de gestão e de visão da
política”. Falou ainda sobre a saída de Marina Silva do PT e
garantiu: “foi irresponsável em ter saído do PT”.
Nilson Mourão acredita
que o Acre perdeu muito com a morte precoce do ambientalista Chico
Mendes. “Um líder que transmitia para população a importância
da questão ambiental, que estava começando no Acre”.
Há cerca de 4 anos
descobriu que tinha Parkinson, doença que ocorre da
degeneração das células situadas numa região do cérebro chamada
substância negra. No Bar do Vaz, foi às lágrimas. “É uma doença
degenerativa que vai matando a gente devagarzinho e você não tem
muita coisa a fazer. Não tem muita mobilidade. Fica pedindo ajuda de
outras pessoas. Minha mulher é tudo. E aí eu tô levando a vida”.
Com isso, tem ficado
mais em casa. Um problema de visão também tem o atrapalhado a fazer
uma das coisas que mais gostava na vida, que era ler. “O Parkinson
não tem solução. É conviver com isso e acabou-se. Mas família é
a base”.
O passar dos anos não
lhe tirou a companhia de bons e velhos amigos que a política
apresentou e sempre que pode ainda debate com os mais próximos o
cenário atual local e nacional. “Continuemos nossa luta, nossos
ideais. Não nos deixemos abater por uma circunstância ou
discordância política. Temos que pensar elevado. Peço aos colegas,
tanto do PT quanto dos demais partidos, que permaneçam unidos para
participar das eleições de cabeça erguida”. Fonte: ac24horas. Asista a entrevista na íntegra, no vídeo, ao final da fonte.